O Forte São Sebastião de Martim Soares Moreno
Com a
decisão do rei de Portugal D. João III em dividir o Brasil em capitanias
hereditárias, coube ao português Antônio Cardoso de Barros, em 1535,
administrar a Capitania do Siará (como era chamada a região correspondente às
capitanias do Rio Grande, Ceará e Maranhão). Entretanto a região não lhe
despertou interesse. Só então, em 1603, é que o açoriano Pero Coelho de Sousa
liderou a primeira expedição à região, demonstrando interesse em colonizar
aquelas terras.
Pero Coelho se instalou às margens do rio Pirangi (depois batizado rio Siará),
onde construiu o Forte de São Tiago, depois destruído por piratas franceses. A
esquadra de Pero Coelho teve que enfrentar ainda a revolta dos índios da
região que inconformados com a escravidão, destruíram o forte obrigando os
europeus a migrarem para a ribeira do rio Jaguaribe. Lá, a esquadra de Pero
Coelho construiu o Forte de São Lourenço. Em 1607, uma seca assolou a região e
Pero Coelho abandonou a capitania.
Em 1612 foi enviado ao Siará o português Martim Soares Moreno, considerado o
fundador do Ceará, que também se instalou às margens do Rio Siará (atualmente
Barra do Ceará), onde recuperou e ampliou o Forte São Thiago e o batizou de
Forte de São Sebastião. Deu-se início a colonização da capitania do Siará,
dificultada pela oposição das tribos indígenas e invasões de piratas europeus.
No ano de 1637, região foi invadida por holandeses, enviados pelo príncipe
Maurício de Nassau, que tomaram o Forte São Sebastião. Anos depois a expedição
foi dizimada pelos ataques indígenas. Os holandeses ainda voltaram ao litoral
brasileiro em 1649, numa expedição chefiada por Matias Beck e se instalaram nas
proximidades do rio Pajéu, no Siará, onde construíram o Forte Schoonenborch.
Em 1654, o Schoonenborch foi tomado por portugueses, chefiados por Álvaro de
Azevedo Barreto, e o forte foi renomeado de Forte de Fortaleza de Nossa Senhora
da Assunção. A sua volta formou-se a segunda vila do Ceará, chamada de vila do
Forte ou Fortaleza. A primeira vila reconhecida foi a de Aquiraz. Em 1726, a
vila de Fortaleza passou a ser oficialmente a capital do Ceará após disputas
com Aquiraz.
Ocupação
Duas frentes de ocupação atuaram no Siará, a primeira, chamada de
sertão-de-fora foi controlada por pernambucanos que vinham do litoral, e a
segunda, do sertão-de-dentro, controlada por baianos. Ao longo do tempo o Siará
foi sendo ocupado o que impulsionou o surgimento de várias cidades. A pecuária
serviu de motor para o povoamento e crescimento da região, transformado o Siará
na “Civilização do Couro”.
Entre os séculos XVIII e XIX, o comércio do charque alavancou o
crescimento econômico da região. Durante esse período, surgiram as
cidades de Aracati, principal região comerciária do charque, Sobral, Icó,
Acaraú, Camocim e Granja. Outras cidades como Caucaia, Crato, Pacajus,
Messejana e Parangaba (as duas últimas bairros de Fortaleza) surgiram a partir
da colonização indígena por parte dos jesuítas.
A partir de 1680, o Siará passou à condição de capitania subalterna de
Pernambuco, desligada do Estado do Maranhão. A região só se tornou
administrativamente independente em 1799, quando foi desmembrada de Pernambuco
e o cultivo do algodão despontou como uma importante atividade econômica. Às
vésperas da Independência do Brasil, em 28 de fevereiro de 1821, o Siará
tornou-se uma província e assim permaneceu durante todo o período do Império.
Com a Proclamação da República Brasileira, no ano de 1889, a província
tornou-se o atual estado do Ceará.
Momentos históricos
Em 1817, os cearenses, liderados pela família Alencar, apoiaram a Revolução
Pernambucana. O movimento, que se restringiu ao município do Cariri,
especialmente na cidade do Crato, foi rapidamente sufocado.
Em 1824, após a independência, foi a vez dos cearenses das cidades do Crato,
Icó e Quixeramobim demonstrarem sua insatisfação com o governo imperial. Assim
eles se aderiram aos revoltosos pernambucanos na Confederação do Equador.
No século XIX, vários fatos marcaram a história do Ceará, como o fim da
escravidão no Estado, em 25 de março de 1884, antes da Lei Áurea, assinada em
1888. O Ceará foi, portanto o primeiro estado brasileiro a abolir a escravidão.
Um cearense se destacou nessa época: o jangadeiro Francisco José do Nascimento
que se recusou a transportar escravos em sua jangada. José do Nascimento ficou
conhecido como Dragão do Mar (atualmente nome de um centro cultural em
Fortaleza).
Entre 1896 e 1912, o comendador Antônio Pinto Nogueira Accioly governou o
Estado de forma autoritária e monolítica. Seu mandato ficou conhecido
como a “Política Aciolina” que deu início ao surgimento de diversos movimentos
messiânicos, alguns deles liderados por Antônio Conselheiro, Padre Ibiapina,
Padre Cícero e o beato Zé Lourenço. Os movimentos foram uma forma que a
população encontrou de fugir da miséria a qual se encontrava a região. Foi
também nessa época que surgiu o movimento do cangaço, liderado por Lampião.
Nos anos 30, cerca de 3 mil pessoas se reuniram, sob a liderança do beato Zé
Lourenço, na região no sítio Baixa Danta, em Juazeiro do Norte. O sítio
prosperou e desagradou a elite cearense. Em setembro de 1936, a comunidade foi
dispersa e o sítio incendiado e bombardeado. O beato e seus seguidores rumaram
para uma nova comunidade. Alguns moradores resolveram se vingar e preparam uma
emboscada, que culminou num verdadeiro massacre. O episódio ficou conhecido
como “Caldeirão”.
Nos anos 40, com a Segunda Guerra Mundial, foi montada uma base norte-americana
no Ceará mudando os costumes da população, que passou a realizar diversos
manifestos contra o nazismo. Também na mesma década, o governo, a fim de
estimular a migração dos sertanejos para a Amazônia realizou uma intensa
propaganda. Esse contingente formou o “Exército da Borracha”, que trabalharam
na exploração do látex das seringueiras. Milhares de cearenses migraram
para o Norte e acabaram morrendo no combate entre Estados Unidos e Aliados com
os exércitos do Eixo, sem os seringais da Ásia para abastecê-los.
Fontes:
- pt.wikipedia.org
- www.ceara.gov.br
- br.geocities.com
- www.secult.ce.gov.br