domingo, 20 de novembro de 2016
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Breve Resumo das História das Secas no Ceará
Desde o século XVI, já tivemos inúmeras secas no
Brasil, 124 foram registradas apenas no semiárido do nordeste. De
acordo com Natalício de Melo, as informações sobre as secas derivam de
informações diversas, as mais antigas advém de dados do Padre João de
Azpilcuetta Navarro e de Fernão Garmin. As secas do Século XVII foram
registradas por Joaquim Alves e as dos Séculos XVIII e XIX por Tomaz
de Souza, Joaquim Alves, Euclides da Cunha (o conhecido autor do livro os
Sertões), Limério Moreira da Rocha (autor do livro Russas) e José Ramalho
Alarcon. Somente nos Séculos XX e XXI aparecem os registros do Instituto de Meteorologia -INMET,
da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE e do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas –
DNOCS.
O resumo dos registros históricos de seca no Nordeste do Brasil:
Seca de 1583- 1585: a
primeira noticia sobre seca foi descrita pelo padre Fernão Cardin. Ele relata
que houve uma grande seca no nordeste, fazendo os índios abandonarem a região
por algum tempo. Cinco mil índios se deslocaram do Sertão de Pernambuco e Rio
Grande do Norte para o litoral, pois as fazendas haviam deixado de produzir,
afetando atividades associadas à cana-de-açúcar e mandioca, causando fome
em várias áreas.
Seca de 1692: Segundo
o historiador Frei Vicente do Salvador, a seca atingiu todo o Rio Grande do
Norte e Paraíba, causando prejuízos a população e pecuária. Durante a
seca, os indígenas se uniram e começaram a invadir as fazendas em busca de
alimento. A imigração foi a única alternativa para povos que não tinham
como se alimentar. A imigração em direção a Minas Gerais iniciou em 1692
em função da seca e da mineração de ouro.
Seca de 1720: A pior
seca e longa estiagem que se iniciou em 1720 e se prolongou até 1727,
totalizando sete anos seguidos se seca. Há descrições do Senador Pompeu de
Sousa Brasil que essa seca atingiu os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. A seca e a fome
fez assolar pela região, secou fontes, estagnou rios, esterilizou lavouras, e
dizimou quase todo o gado. Seca
alarmante nas províncias do Ceará e do Rio Grande do Norte.
Seca de 1790: Este ano no Ceará,
Alves faz referencia a um testemunho de uma autoridade que afirma que a seca
matou todo o gado, causando falta de carne seca. A imigração foi intensificada
pela seca, fome e doenças que se estenderam pelo nordeste. Seca
transformou homens, mulheres e crianças em pedintes. Foi criada a Pia Sociedade
Agrícola, primeira organização de caráter administrativo, cujo objetivo era dar
assistência aos flagelados.
Seca de 1877: Uma das
mais graves secas que atingiram o nordeste. Fortaleza chegou a ter cem mil
habitantes, os sertanejos chegavam de diversas regiões com a esperança de
migrarem para fora do Ceará, fugindo da seca, fome e pestes. No interior,
unidos em grupos, flagelados saqueavam depósitos de mantimentos do governo. Em
Juazeiro o padre Cícero se desdobrava para salvar seus fiéis, pois a seca
estava acabando com o povoado que ele vivia há cinco anos.
Hoje se calcula que morreram mais de meio milhão
pessoas em consequência das secas de 1877 / 1878 /1879. O engenheiro André
Rebouças, abolicionista, negro, respeitado por suas ideias progressistas,
calculava em mais de dois milhões as pessoas atingidas pela seca, ainda em
novembro de 1877.
Seca de 1980: Essa foi uma das
secas mais prolongadas da história do Nordeste: durou 7 anos. O auge do
problema foi em 1981. A estiagem deixou um rastro de miséria e fome:
lavouras perdidas, animais mortos, saques à feiras e armazéns por uma população
faminta e desesperada. Atingiu toda a região, deixando um rastro de miséria e
fome em todos os Estados. No período, não se colheu lavoura nenhuma numa área
de quase 1,5 milhões de km2. No período, 3.5 milhões de pessoas morreram,
a maioria crianças sofrendo de desnutrição. Pesquisa da Unesco
apontou que 62% das crianças nordestinas, de 0 a 5 anos, na zona rural, viviam
em estado de desnutrição aguda.
No Palhano, estado do Ceará, houve saques nos caminhões
que traziam doações do sul do país.
Seca de 1998: Na década
de 90, os anos de 1993, 1996, 1997, 1998 e 1999 foram anos sofríveis. A
seca de abril de 1998 estava prevista há mais de um ano, em decorrência do
fenômeno El Niño, mas, como das vezes anteriores, nada foi feito para
amenizar os efeitos da catástrofe. Os efeitos de uma nova seca no
Nordeste: população faminta promovendo saques a depósitos de alimentos e feiras
livres, animais morrendo e lavouras perdidas. Com exceção do Maranhão, todos os
outros estados do Nordeste foram atingidos, numa totalidade de cerca de 5
milhões de pessoas afetadas. A seca foi tão grave que Recife passou a receber
água encanada apenas uma vez por semana. A estiagem deixou um rastro de miséria
e fome: lavouras perdidas, animais mortos, saques à feiras e armazéns por uma
população faminta e desesperada.
Seca de 2001: A seca de
2001 foi um prolongamento do período de seca do final da década de 90, que teve
uma trégua em 2000. O Rio São Francisco sofreu com a pior falta de chuvas de
sua história, causando uma diminuição drástica do volume de suas
águas. Para piorar a situação, a falta de chuvas em todo o Brasil contribuiu
para a pior crise energética que o país já viveu, somando a estiagem prolongada
à falta de investimentos no setor.
Seca de 2012 a 2016: O Nordeste
tem a pior seca dos últimos 30 anos (alguns meios de comunicação afirma que dos
últimos 60 anos), desimano quase por completo a Pecuária e Agricultura familiar
no Nordeste brasileiro. A terra sem verde, os rios sem água e os animais magros
ou mortos pelos pastos do sertão. Em algumas regiões do semiárido nordestino
não caiu nenhuma gota d’água em 2012. Essa seca terminou com grande
prejuízo para os criadores do Nordeste. Segundo os dados da pesquisa
Produção da Pecuária Municipal, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas), a região perdeu mais 4 milhões de animais. Os níveis de água dos
reservatórios no Ceará estão abaixo de 9% em novembro de 2016, segundo a Assembleia
Estadual do Ceará.
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